terça-feira, 15 de maio de 2007

"Beale Street"... e tome Blues Brasil afora!!!




Em seu segundo disco, a banda Beale Street faz um passeio pelo blues, das canções autorais (em português!) a clássicos norte-americanos.
Tradicionalmente, o blues é um ritmo negro. Qualquer fã pode confirmar: os grandes nomes do gênero são todos negros, de Robert Johnson a Muddy Waters, passando por John Lee Hooker, Howlin’ Wolf e B.B. King. É também norte-americano. O lamento dos negros arrancados da Mãe África, que no Brasil deu em samba, por lá assumiu a configuração do blues (palavra que, não a toa, significa “triste”, “melancólico”).

Entretanto, se estilo tem suas raízes nas duas origens acima descritas, o sucesso comercial de alguns de seus nomes acabou exportando o estilo para além de suas fronteiras étnicas e nacionais. Foi aí que nasceu o tal do blues branco. Os branquelos ensaiaram sua aproximação do estilo ao invadirem o também negróide rock’n’roll. Controvérsias e purismos à parte, o blues “white label” legou grandes nomes que acabaram popularizando ainda mais o gênero, como Johnny Winter e Eric Clapton. E o legitimo blues branco que se ouve em “Vibratto”, segundo disco do trio carioca blues Beale Street.
Formada em 1999, a banda se destaca no tradicional - e tradicionalista - cenário bluesy, basicamente, por dois motivos. Primeiro, por apostar em releituras mais inventivas que o habitual de clássicos do gênero; segundo, por suas composições próprias, em que escancaram suas origens, adotando o português como suporte para sua lírica e trazer influências musicais brasileiras, bem incorporadas ao blues.
A banda se liga a tradição do estilo ao compreender o tradicional não como algo estático, fossilizado, mas como algo em mutação. Estas mudanças - e ai reside o trunfo da banda - não se opera através de uma radicalidade que beira a obviedade. É uma bateria aqui, um fraseado de guitarra ali, um verso da letra acolá que dão uma cara brasileira a música da Beale Street, sem, com isso, afastar a banda da espinha dorsal do blues.

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